sexta-feira, 9 de abril de 2010


I miss you


Como todos os dias monótonos da minha juventude tive de acordar bem cedo, a minha cabeça e o meu corpo inteiro suplicavam para ficar a derramar mais lágrimas, tal como tinha feito em grande parte da noite mas isso era-me impossível, tinha a cabeça a latejar, o coração a palpitar como se fosse sair do meu peito a qualquer instante e o meu corpo a tremer devido ao choro infindável que tentava por tudo controlar.

Tentar controlar algo que é incontrolável é simplesmente impossível e eu sabia muitíssimo bem, cada vez que tentava fazê-lo era derrotada por alguma lembrança de momentos nossos, só nossos, e o choro que tentava conter recomeçava como se todo o esforço que estava a fazer não valesse de nada.







Nesta manha não foi necessário nenhuma recordação já que o meu corpo tinha sido inteiramente ocupado por saudade, um sentimento que representa a distancia, a perda e o amor, agora sim foi-me permitido da pior maneira perceber a complexidade da verdadeira saudade quando arrancas-te friamente um pedaço do meu coração e o levas-te contigo sem te preocupar como ficaria, se viveria ou se morreria, isso para ti era uma simples conclusão de uma historia á qual tu deixavas de pertencer.

O cheiro do teu perfume a invadir a minha mente, os teus lábios bem perto dos meus ou a acariciarem a minha face e o meu pescoço com movimentos simples, da cavidade da orelha ate ao maxilar, tudo isso me fazia imensa falta, sentia um enorme vazio a querer apoderar-se de tudo o que tinha vida dentro de mim.



Não me ia vencer, podia ser derrotada pelas lágrimas que deslizavam sucessivamente pelo meu rosto mas não iria permitir que ficasse sem vida novamente, permitir que o vazio vence-se era como ditar a minha própria sepultura, voltar a perder tudo o que tinha recuperado, perder a minúscula parte de felicidade que consegui lentamente resgatar.


A ideia de voltar a desperdiçar a vida que tinha recuperado assustou-me, fiquei petrificada com o pensamento e as imagens que se seguiram na minha mente e que me imploravam para não voltar a ser um fantoche sem sentimentos e sem vida, que tinha de ser manuseado por alguém que se sentia na obrigação de não o deixar morrer.
Uma força indestrutível apoderou-se do meu corpo e levou-me para fora daquele quarto onde todas as recordações e as frases trocadas entre nós pareciam reais e com vida própria prontas para me destruir a qualquer segundo que baixasse as armas.